sábado, 13 de abril de 2013

A Balada dos Excluídos


Por: Larry Redon

     Já virou moda no Brasil esquecer-se dos grandes talentos para aplaudirem  pessoas que nunca contribuíram nem nunca contribuirão  para uma nação com um pouco de igualdade. A nossa atenção está mais voltada para os chamados “excluídos” e que não são tão excluídos, pois existe algo chamado escolha de vida, que para as grandes mentes. É claro que com isso, não quero dizer que pessoas escolheram a pobreza, a miséria ao nascer, mas elas podem procurar meios para sair de uma condição que ela não considera favorável.
     Entretanto, com o pretexto de salvarmos  estas pessoas, estamos cada vez mais matando pessoas de talento, que estão na mesma periferia e tem outra visão sobre ela. São aquelas pessoas que enfrentam todos os tipos de sofrimentos e estão indo às escolas para serem agredidas por estes chamados excluídos, cuja função social é matar mentes inteligentes.
      Esta semana recebi um técnico de uma operadora de telefonia, que relatou-me o seguinte caso: uma criança de mais ou menos 10 anos, relatou à mãe que havia saído com um garoto e que ele não fizera nada com ela! (leia-se transar). Para surpresa dele, a mãe simplesmente disse à filha que ela deveria ter saído com homem e não com moleque, que era para aproveitar a vida, que a vida era curta, enquanto dançava num baile funk. Ora, a crítica aqui não é a criança, que certamente acha normal, pois tem a mãe como modelo ou ao baile funk, que alguns defendem como manifestação cultural, mas à raiz do problema. A raiz do problema aqui é esta mãe, que fora considerada excluída pela sociedade, com todas as garantias e direitos, que supostos excluídos vêm tendo e que hoje é promotora da verdadeira exclusão, enquanto, o garoto que “não fez nada”, com sua filha, talvez seja aquele garoto que ainda possui um pouco de luz (leia-se visão) e que mesmo diante de desejos, vontades resistiram-nas para não participar da balada dos excluídos.
     É óbvio que  a intenção do texto não é desconhecer valores na periferia e nem alardear que tais pessoas não mereçam ser ajudadas, pelo menos até quando não tivermos um país mais justo (utopia talvez?), mas é abrir um chamado para que as pessoas não matem mentes inteligentes que brotam diariamente na periferia e que se perdem no meio de tantos conflitos existentes por escolhas de vida.
     Não vamos confundir jovens excluídos, com jovens que decidiram pela inutilidade! Talvez o texto pareça insensível, mas mais insensível é o que estão fazendo com estes grandes jovens brasileiros que estão sendo mortos, feridos, violentados, apenas porque escolheram batalhar para não entrarem na balada dos excluídos. Estes jovens têm o direito de ir para a classe média ou até mesmo ficar na periferia, se esta for sua escolha, mas eles lutaram para conseguir o que tem hoje, então, vamos respeitar as escolhas de vida de cada um (quando for escolha e não opressão!).
     Então fica aqui o convite: que toda a sociedade brasileira se curve para os nossos talentos, para pessoas que lutam diariamente para serem o que são, independentemente, de morarem em periferia ou classe média. E que todos façam sua escolha, pois a minha eu já fiz: eu só aplaudo o talento, que busco até em lugares mais brutos, mas se existe, eu lapido, porém quem já fez a sua escolha, arque com ela, pois eu também fiz a minha dentro desta “balada da exclusão”.  
     Sendo assim, mudemos nosso conceito sobre opressão e exclusão! Nós estamos agredindo  pessoas supostamente ricas, simplesmente por acreditarmos que elas representam uma ameaça aos pobres. É claro que reconheço que há um mercado cruel e excludente, a minha chamada de atenção aqui é para que ajamos com sensatez e a sensatez aqui é reconhecer que há generosidade, compaixão, lutas, inteligência, nos dois lados e o que sobra destes dois lados, como em tudo na vida, é o lodo, então usemos este lodo para adubar as inteligências, não para continuar a servi-lo nas baladas da exclusão, que interessa sei lá a quem, mas que interessa, ah, isso interessa! Só desta forma, fortaleceremos nossa sociedade, pois são estas mentes “inteligentes” que salvarão os chamados excluídos das mãos desta política cruel, que dissimuladamente afirma resgatar excluídos, enquanto os condena a ser DJ desta louca balada excludente.



Imagem: divulgação web.
     
    




Nenhum comentário:

Postar um comentário

tv, novelas, famosos, literatura, poesia, contos, religião, adolescência, educação.