Autor: Larry Redon
O professor é um profissional que
a sociedade não vê, pois ele está coberto por uma capa criada pelo imaginário
popular e que muitos professores, ingenuamente, insiste em vesti-la. Esta capa
que fora criada para o professor vestir
vem trazendo transtornos não só a ele, mas a toda sociedade que espera que o
professor haja como um ente da família e não como alguém que está a serviço de
uma transformação social que é negada aos seus alunos pelo governo e pela própria
família. No exercício da cidadania, geradora de transformação social, é ingênuo
reduzi o profissional da educação a gestos paternais, em detrimento de uma
causa muito maior, que é formar cidadãos que haja com coerência dentro de uma
sociedade tão cruel e que amarga pela falta de cidadãos saudáveis para encarar
a vida e vivê-la plenamente, respeitando os espaços físicos e morais do outro.
Eximir-se do caráter paternal, não
significa aqui que não deva haver uma relação fraterna entre professor e aluno,
mas que antes disso, o caráter de formação e os princípios éticos devem ganhar
um espaço tão significativo que o caráter fraternal possa ser visto como algo
pertencente à formação e a ética, nunca
como uma raiz que brota todos estes princípios.
Viver o magistério aceitando
vestir esta capa é enganar a princípio a família, é favorecer a prática
perversa de exclusão social promovida pelos governantes e acima de tudo é impedi que cresçamos como
profissionais e que lutemos por uma política de valorização dos profissionais da Educação, ou pelo menos àqueles
que se sentem profissionais e que atuam para aliviar a miséria moral em que
vivemos.
Justificando o título, “O que faz
um professor?”, convém aqui dizer que o professor não é o profissional que vive
escrevendo na lousa, que prepara aula e que passa horas acordado corrigindo as
atividades dos seus alunos (ele também é isso!), mas um profissional que
conhece a realidade dos seus alunos, conhece sua prática profissional e que atua para garantir-lhes uma dignidade
que muitas vezes nem o governo, nem a família e nem a sociedade pode fornecer-lhe.
E por que faz isso o professor? Faz porque ama seus alunos mais que o governo,
mais que a sociedade e em alguns casos, mais que a família, porque o amor nasce
das relações que travamos com nossos alunos, mas o amor do professor é
diferente, é um amor pautado na ética, no reconhecimento de que sua prática é
necessária para transformar seu aluno e a ele mesmo.
O professor age para que seus alunos não sejam agredidos, torturados, muitas vezes dentro da própria casa.
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