domingo, 20 de outubro de 2013

Por Um Mundo de Doçura

Autor: Larry Redon 





     Era uma vez um lugar no mundo, um lugar que guardava pessoas e segredos, mas neste lugar não existia apenas pessoas e segredos, existia também a doçura de um menino. O nome deste menino era doçura, pois ao nascer havia tanta ternura em seus olhos que não acharam outro nome para lhe dar a não ser o nome que toda a humanidade desejava. 

     Desde pequeno este menino sabia o que queria e enquanto os meninos de sua idade passavam as noites na rua, brigando com o vento, durante as partidas de futebol, ele insistia em olhar o céu, contemplar as estrelas, enquanto a mão suave do vento acariciava seu rosto angelical. 
Quem o visse debruçado sobre a janela poderia supor que se tratava de um menino solitário e triste, mas ao contrário, durante o tempo que passava olhando o céu, sentia-se feliz por ter como amigos o vento, as estrelas e o perfume das árvores que o contagiava de uma alegria que poucas pessoas sentiam, pois estavam preocupadas com seu mundo de lágrimas.
     Comum era pessoas pararem na frente de sua janela para observarem o garoto que parecia sempre estar conversando com alguém, mas mal sabiam elas que não adiantava observar o menino, pois seus amigos só apareciam para quem tinha os olhos de doçura. 
     Não demorou muito para que as pessoas começassem a chamá-lo de louco, de estranho, deixando sua mãe aborrecida, pois sabia que seu filho era muito especial, diferente dos outros meninos de sua idade, mas que apesar disso, era muito inteligente e era justamente sua inteligência que o fazia isolar-se num mundo de beleza para escapar do mundo de tristeza, onde pessoas passavam o dia bailando com a feiura do mundo.
     Entretanto, este menino que passava os dias na janela, contemplando o céu, não se afastava das pessoas porque não gostava delas, mas porque sabia que tinha uma missão importante no mundo e que sua missão não era das mais fáceis, pois ele tinha que transformar o velho e destruído mundo num mundo de doçura. 
Quando ainda era um bebezinho, não sabia ainda da missão que lhe fora dada, mas um dia, quando brincava em seu quintal, fazendo castelinhos de areia, solitariamente, desceu uma estrela do céu especialmente para lhe contar da sua importante missão.
    A estrela era muito sorridente, contava-lhe detalhe por detalhe da missão para o menino, falando apressadamente, pois olhava para o céu e via que o sol já estava impaciente com sua demora, já que a noite estava chegando e ele já estava cansado de iluminar o mundo, agora era a vez da estrela folgada subir ao céu, pois o seu turno terminara. Como a estrela falastrona não obedecia o chamado do sol, não lhe restou outra alternativa a não ser fazer um laço e puxar a estrela até o céu. O menino só teve tempo de ouvir a estrela gritar: “peça mais informações sobre tua missão ao vento!”
     E assim o menino o fez. Subiu em uma árvore e começou a chamar pelo vento. E o vento veio todo brincalhão, aparecendo e se escondendo atrás da árvore, fazendo o menino perceber que era seu amigo e que podia contar com seus ensinamentos.
E o vento ensinou muitas coisas ao menino, mas o mais importante que ele ensinou foi olhar para o céu e para tudo que estava a sua volta, pois para consegui cumprir sua missão, ele teria que compreender os mistérios do Céu e da Terra.
     O Vento disse-lhe ainda que enquanto o menino pesquisasse o Céu e a Terra ele viria sempre com sua mão macia acariciar seu rosto, que a árvore amiga lhe ofereceria suas flores e seu perfume na primavera e depois os seus frutos e sua sombra e que a estrela falastrona viria sempre iluminar o seu coração e o seu caminho. 
O vento também lhe disse que muitas pessoas viriam tentar destruir sua missão, mas enquanto ele olhasse para o céu e continuasse com os mesmos olhos de doçura, ele viria sempre renovar suas forças e controlar o pulsar de seu coração.
     E assim, brincando com o vento e olhando para o céu, o menino se fez homem e o homem se sentiu preparado para levar doçura ao coração da humanidade. Muitas pessoas tentaram lhe seduzir dando-lhe dinheiro, oferecendo-lhe a triste fantasia da vida, mas ele manteve-se forte dizendo apenas: “Da vida só quero um vento para sussurrar ao meu ouvido, uma árvore para me dar flores e perfume, uma estrela falastrona para alegrar os meus dias e um violino para falar ao povo de minha missão.”
     E comprou um violino. E foi para o centro da cidade. E lá ele pôde observar muita gente que passa apressadamente pelas ruas, anestesiadas em seu mundo de lágrimas. E lá ele toca seu violino, enquanto o vento baila ao seu lado e as árvores soltam o seu perfume e as pessoas vão diminuindo os seus passos para ouvi-lo tocar.
     E no fim da tarde, quando o sol vai sumindo no horizonte, ele olha para o céu e vê uma estrela falastrona piscar para ele. E cansado ele volta à janela, olha o céu com ternura e adormece feliz, orgulhoso por ainda ter um olhar de doçura.

Imagem: Divulgação Web.

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