sábado, 28 de abril de 2012

O Aborto


O Aborto

Voltei para dentro de um útero
Para fazer o que não fizeram outrora
Tomar meu licor verde de mato
E morrer transformado em sangue

O verde licor com cheiro de sangue
Pulsa em minhas veias frágeis agora
Atinge o meu cérebro velho e insano
Cortando o meu coração já cansado

Quando o sangue penetrar a terra
Fertilizando-a para dar vida ao mato
Serei mato, não mais serei sangue
Para servir o licor ao filho indesejado

Um mato verde de flores vermelhas
Pulsando forte aos olhos desenganados
Que buscarão no amargo e fatal licor
Tirar do útero o filho que não fora amado

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