Vida
Há muito tempo que a vida
Não me interessa deveras
E há muita gente nos
hospitais
Mendigando um pouco de vida
Como é contraditória a vida
Quem quer não a tem como
prêmio
Quem não a quer recebe flores
diárias
Mendigo a morte, recebo
esmolas de vida
Preciso cortar o cordão
umbilical
Que me mantém preso a
amargurada vida
Preciso lavar o lençol sujo
de sangue
Antes da hora da sonhada
partida
O pouco sangue que bombeia o
coração
Já enferruja a máquina
criadora de emoção
Quem sabe quando parar a
velha máquina
Encontre a vida a sorrir,
perdoando meu desatino
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